Título: Como Ser Solteira
Autora: Liz Tuccillo
Ano: 2010
Número de Páginas: 434
Editora: Galera Record
Sinopse: Depois de alguns drinques e uma péssima noite com as amigas, Julie Jenson chega à conclusão de que ela e as amigas estão fazendo algo errado. Por que eles sempre se desapontam os relacionamentos e não conseguem encontrar um único homem legal? Num rompante, Julie pede demissão e pega a estrada. De Paris ao Rio e a Sidney, Bali, Pequim, ela viaja pelo mundo para descobrir se alguém tem uma maneira melhor de lidar com a solteirice. Julie se apaixona, tem o coração partido, conhece o mundo e aprende mais do que achava possível em uma viagem.
Minha Opinião: Eu, casada há 5 anos, nunca poderia imaginar que teria em mãos a responsabilidade de ler um livro com esse título. Agora imaginem meu marido abrindo o pacote dos Correios e dando de cara com um livro chamado "Como Ser Solteira"? Imaginem a cara dele! =P
Devo dizer que, casada sim, mas o que tem de mais pensar na época da solteirice? Com Julie e suas amigas é impossível não deixar de reviver os tempos que passaram.
A personagem principal da história é Julie, mas tanto ela quanto suas 4 amigas são responsáveis por transformar esse livro estilo Chick-Lit em um verdadeiro turbilhão de emoções.
Juntas ou muitas vezes separadas, essas 5 amigas me fizeram parar pra pensar em como é diferente a cultura entre os países, principalmente quando o assunto é ser solteira e livre para qualquer diversão.
Julie tem 38 anos, trabalha como assessora de imprensa de uma editora e é bem sucedida profissionalmente, apesar de não estar fazendo o que mais gosta. E, como toda mulher que se preze, sonha em um dia finalmente encontrar o amor de sua vida.
Alice é advogada, tem uma carreira brilhante como defensora pública, mas em compensação uma vida amorosa desastrosa. Conhece todos os lugares mais badalados da região, todos os bares e várias pessoas influentes, porém nunca se apaixonou.
Ruby é na maior parte do tempo depressiva. Sua grande paixão era Ralph, seu gato que faleceu, levando-a ao fundo do poço da depressão e deixando-a profundamente sentimental e receosa em relação ao amor. Ela chora inconsolável por longos 3 meses, já que sua única confiança nos homens já não existe mais.
Serena é toda zen, fã de sons do meio ambiente e também trabalha para um casal de famosos como cozinheira. É muito amada pelos patrões, mas infelizmente não consegue arrumar um namorado e não vê problema algum em estar a 4 anos sem sexo.
Georgia é mãe de dois filhos pequenos e recém separada. Seu ex-marido a trocou por uma professora de samba brasileira bem mais nova - sabe aquela história de trocar uma de 40 por duas de 20? - e ela ainda não sabe como lidar com a recém solteirice, mas tudo o que mais quer é voltar à ativa.
Tudo começa quando Georgia, a nova solteira do pedaço, resolve pedir ajuda a sua amiga Julie para mostrá-la como se divertir no mundo das solteiras. Julie, então, chama suas outras 3 amigas para acompanhá-las em uma noite de mulheres, para mostrar a Georgia que apesar da idade elas podem sim, se divertir como se fossem jovens garotas de 20 e poucos anos.
Depois que a noite se torna um verdadeiro desastre, com destaque para Georgia bêbada subindo no balcão de um bar e dançando sem blusa, elas repensam suas vidas e decidem que é hora de mudar de comportamento.
"Mas Alice sabia de uma coisa que nós duas não tínhamos idéia.
- Ah, meu Deus, tem uma mesa de totó ali ! - disse Alice, um pouco animada demais.
- Eu não jogo totó - disse Serena, já carrancuda.
- Acha que devemos ir para outro lugar ? - perguntei, ignorando a história do totó.
- Não, você não está entendendo. É uma verdade absoluta que um grupo de mulheres não consegue jogar totó por mais de dez minutos sem que homens venham jogar com elas.
- Passou muito tempo provando essa teoria ? - indaguei, em tom reprovador. Por acaso contei a vocês que Alice era uma advogada que defendia os direitos dos fracos e oprimidos, fazendo-os sentir respeitados e ouvidos, geralmente na pior época de suas vidas ?
- Sim. E vou provar a você agora.
Então pegamos nossos drinques e fomos até a mesa de totó. Alice e eu jogamos enquanto Serena olhava o relógio. Passaram-se extamente três minutos e meio até dois caras virem até a gente. Nos quatro minutos e meio, eles nos desafiaram para uma partida.
Alice me assusta às vezes. "
Cansada de ouvir sempre a mesma pergunta ("
Por que você ainda está solteira?") Julie decide investir em sua idéia de publicar um livro sobre como ser solteira e suas culturas pelo mundo e, depois de fazer um acordo com a editora em que trabalha, ela arruma as malas e parte para viagens sem destino certo.
Passando pela França, onde conhece um francês apaixonante - e casado! -, Roma, China, Bali, Austrália e até mesmo pelo Brasil, Julie conhece diversas pessoas solteiras e vai acumulando informações sobre amor e paixões por diversos países. E já que, para Julie, não existem mais homens solteiros dispostos a ter um relacionamento com mulheres maduras, ela parte pelo mundo com o objetivo de descobrir como as solteiras estão levando essa situação.
Além das aventuras de Julie - que nem sempre está sozinha, acompanhamos também as aventuras de suas amigas que algumas vezes fazem companhia a Julie em suas viagens. Alice, depois de se demitir e se dedicar exclusivamente e a conhecer homens, conhece Jim e ele parece ser o cara perfeito. O problema: ela não está apaixonada e não sabe o que fazer. Georgia vai a vários encontros, mas nenhum deles dá certo e ela percebe que existem coisas mais importantes do que a vida de curtição. Serena muda até de religião, passa a estudar hinduísmo, se apaixona e se decepciona na mesma medida e muda radicalmente. E Ruby percebe que existe solução para toda a sua melancolia.
"- Não leu aquele estudo que acabaram de fazer na Inglaterra? Quanto mais inteligente você é, menos chance tem de arrumar um cara. As garotas burras estão conseguindo todos os homens.
- Então você diz que faz limpeza de pele para sobreviver, em vez de dizer que é uma advogada que se formou como notas máximas em Harvard?
- Digo, e funciona."
Em uma leitura gostosa e divertida, conhecemos situações diversas e vemos como é interessante saber um pouco mais sobre cada cultura que existe. Homens casados e seus relacionamentos abertos, mulheres extremamente sentimentais e dramáticas, casamentos arranjados pelos pais, mulheres bem sucedidas que não pensam em compromisso, e muitas outras formas de demonstrar como o amor é visto por outras pessoas.
Adorei ver o Brasil citado no livro, pena que aqui tudo ainda é muito ridicularizado e promíscuo, como as cenas nas escolas de samba e na Lapa. E definitivamente torci para um final feliz e romântico para Julie. =P
O livro não é auto-ajuda, como podem pensar, e sim extremamente hilário e igualmente trágico, ao nos mostrar como ser solteira pode ser difícil em se tratando da trágica realidade para mulheres bem sucedidas e experientes na faixa dos 40 anos, ou apenas uma opção de escolha pessoal para cada um.
Liz Tuccillo é coautora de
Ele Não Está Tão A Fim de Você e foi roteirista da série
Sex and the City.
Por essas e outras, vale muito a pena ler esse livro. Recomendadíssimo! =D