Título: Bendito Assalto
Autor: Domingos Pellegrini
Ano: 2009
Número de Páginas: 213
Editora: Editora Leitura

Sinopse: A QUADRILHA: um bancário, um jornalista, um ator, uma esotérica - e suas paixões.
O PLANO: um assalto sem violência, sem pistas e sem contar com os imprevistos.
O RESULTADO: este romance.
O romance do jornalista Domingos Pellegrini trata sobre a natureza humana, seus relacionamentos e suas paixões. Depois de conhecer os personagens de um assalto a banco, ele reconstitui a história e narra com texto cativante o dia que mudou a vida de um bancário, um jornalista, um ator e uma esotérica. O plano desta peculiar quadrilha é um assalto sem violência nem pistas, e o resultado é este livro reportagem eletrizante.



Minha Opinião: Escolhi esse livro através do site da Editora Leitura, parceira do blog, por 3 motivos. A capa - que achei linda com esse tom de azul e essa borboleta linda, a sinopse - que era totalmente o oposto do que pensei ser quando li o título do livro pela primeira vez, e pelo autor - que é um escritor brasileiro e resume maravilhosamente bem a história de Bendito Assalto apenas nas orelhas da capa.

A história envolvente, cativante e realista, é contada em 3ª pessoa pelo escritor Domingos Pellegrini como se fosse parte de um roteiro, com partes rimadas e destacando a narrativa de cada personagem. Logo na contra-capa, sabemos que a história é verídica e que possui um final bem inesperado, tratando-se de uma reportagem envolvendo diretamente alguns personagens centrais da história. Muitas vezes me peguei torcendo para os bandidos, para que tivessem um final feliz, por mais que fosse errado o que eles planejavam fazer. O livro se torna tão contagiante que nos identificamos com as situações apresentadas em cada nova página.

Somos apresentados aos personagens e vamos acompanhando, não só o plano para o assalto a um carro-forte que dá o tom do livro, mas também todas as frustrações, desejos, sonhos e desesperos de cada personagem. Sentimos como se fizessemos parte do contexto da história, como se realmente conhecêssemos a vida de cada um, deixando-nos com a sensação que a história é bem realista e brasileira.
O livro é divido em 4 partes: O Plano, A Espera, O Assalto e A Partilha e em cada uma delas temos uma nova surpresa com o rumo que a história toma.

Mário é ex-bancário e logo se torna o líder da quadrilha, ao demonstrar toda a sua revolta com o sistema brasileiro, onde quem é pobre morre pobre se não roubar o que deveria ser seu por direito. Ele planeja roubar um carro-forte e acredita que seu plano não terá como falhar. Mas para isso ele precisa convencer seus três amigos a participarem com ele do assalto.
Lara é namorada de Mário, nunca consegue arrumar um emprego decente e segue a vida baseada no que diz o I-Ching. Ela sonha em um dia ter um filho de Mário, mas não vê como pode ter futuro com um homem que só pensa em si.
Toninho também é ex-bancário e largou a profissão para se dedicar ao teatro, sua paixão. Mas humilhado e criticado, sem dinheiro para pagar o aluguel, ele não vê alternativa senão ceder a pressão de Mário e participar do plano.
Guto é jornalista, mas seu emprego não lhe dá alegrias e além disso ele se apaixona por Lara, que não liga a mínima para ele, apenas para Mário.
Os três acabam cedendo às idéias loucas de Mário e aceitam fazer parte da quadrilha. O plano era agir rápido e com todos os passos bem ensaiados para tudo ser perfeito.
Mas eles não esperavam que Lampião, um segurança de sorte, aparecesse.

O livro contém um tema bem adulto, passando por citações pesadas e envolvendo o abuso de drogas, e mesmo assim consegue prender o leitor até a última página, para um desfecho impressionante, com finais felizes para alguns, mas não para todos. A história, recheadas de fatos do cotidiano brasileiro, poderia ser contada por qualquer um que vivenciasse por aquilo, tornando tudo ainda mais fácil de ver como é a nossa realidade nesse país tão sofrido. Envolvendo temas tão pesados ainda há espaço para falar de amor, e assim, vivenciamos os relacionamentos em suas formas mais simples e complexas, de acordo com os sentimentos de cada personagem.
A narrativa é diferente e demora um pouco para a gente pegar o ritmo, mas depois fica fácil acompanhar todos os acontecimentos.

Sem dúvida, uma história que merece ser lida e que irá deixar o leitor refletindo qual o sentido da maldade em prol da justiça. Recomendo. ;D
"O feirante rouba no preço, o industrial rouba na embalagem, no salário do pessoal, na sonegação de impostos, enquanto o comerciante também rouba e o fiscal é subornado! Todo mundo roubando! Só os tontos ficam se conformando em ser roubados, com medo de ir pro inferno!" - Mário

"-(...)Vamos fazer uma rota longa, comer poeira e demorar o dobro, mas essas estradas de terra não têm qualquer posto policial.
- Não podem fazer barreiras?
- Em estradas de terra? De madrugada? Seria polícia de outro país, não do Brasil... E a esta hora já estaremos em São Paulo, compadre. Polícia rápida, só nos filmes."

"-Todo dia o sol pinta o céu de um jeito diferente pra morrer - ele lhe falou e ela lhe pegou as mãos." - Toninho

"Ah, mãe, queria ser que nem a senhora, que ajoelha e reza pra esse Deus a quem pedem as coisas, esse Deus que manda chuvas pra roça e também manda enchentes, produz milagres e desastres, deixa o mal ter sorte e o bem levar azar…"
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Nível do vício: 

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